Profecia, A saga de Mordecay (Ficção) Cap. 2 parte 1

Aqui começa um novo capítulo na saga de Miguel Mordecay
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2° Capítulo – No Resort 



O V-jet aproximava-se pairando suavemente uns 10 metros acima da água, dirigindo-se à plataforma sinalizada. Sua fuselagem refletia os raios do sol destacando-se no horizonte. 



Entrei novamente em no quarto, dirigi-me à escada que dá acesso ao andar principal da mansão e deslizei pelo corrimão até o salão principal - minha ex-esposa detestava quando eu e meu filho descíamos as escadas deste jeito – saí pela enorme porta de vidro do lado oposto à entrada principal da casa exatamente no momento em que a aeronave tocava o solo da plataforma de pouso. O som suave dos motores diminuindo a rotação até a parada total, em nada se parecia com o ruído do ar sendo empurrado contra o solo pelas asas rotativas dos obsoletos helicópteros ainda muito usados por questões de custos. Os V-jets são o futuro dos helicópteros. 



Como anfitrião aproximei-me da plataforma de pouso próxima da praia, agora a pintura escarlate e dourada da aeronave cintilava sob o sol da manhã, sua fuselagem inclinada dava à aeronave um aspecto ameaçador, como uma ave de rapina quando se apóia num galho, abre as asas inclinada para frente enquanto prepara o bote. Pude ver o piloto dentro da cabine de comando realizando todas as rotinas necessárias para deixar a moderna aeronave pronta para singrar os céus novamente. De dentro da aeronave vinha saindo Henrique Alamo, um homem de aproximadamente 45 anos, porte atlético, vestindo um elegante terno de corte personalizado. 

O empresário havia comprado uma enorme porção de terra em São Gonçalo, entre o rio Macaçu e o Maciço de Itaúna, a leste da Baía da Guanabara, onde montou um resort de luxo. O dinheiro para todo esse empreendimento vinha de uma longa e bem sucedida carreira no futebol e agora ele estava se destacando também como empresário do ramo de turismo, o Guanabara Royal Eco Resort era apenas um dos vários hotéis e parques que o empresário possuía espalhados por todo o Brasil. 

Foi em uma feira náutica que nos conhecemos, enquanto assistíamos ao lançamento do novo modelo de Aero Deslizador de Transporte com múltiplas funcionalidades, o empresário estava interessado em investir em uma nova atração para o seu resort e eu, ex-comandante de Aero Deslizador Militar e ex-corredor da Copa Slide, estava lá na qualidade de entusiasta e curioso. Na ocasião deixei escapar em voz alta minha admiração pela máquina e Henrique que estava ao lado, reconheceu meu rosto de alguns noticiários sobre corridas de aero deslizadores. Iniciou uma conversa, nos apresentamos e só então me dei conta de quem era o meu interlocutor. Após o evento conversamos mais um pouco, Henrique ficou entusiasmado com minha experiência com aero deslizadores e de fato dias mais tarde fez a proposta para que eu trabalhasse como piloto para ele. Aceitei mais pelo prazer de pilotar aquela máquina sensacional, afinal mesmo tendo pedido baixa da marinha a cerca de quatro anos, ainda era, juntamente com meu irmão, sócio majoritário da COMSAT, dinheiro não era problema. 

- Ei, Henrique, não esperava vê-lo aqui! – Estava surpreso e ao mesmo tempo entusiasmado. 

- Ora Miguel, gosto de conhecer muito bem quem trabalha comigo. Mas agora tenho certeza que você pilota por paixão. – o empresário respondeu em tom de brincadeira referindo-se à minha clara situação financeira. 

- Normalmente convidaria você para entrar, conhecer a casa e tomar alguma coisa, mas estou ansioso para pilotar aquele ADT. – comentei excitado como um menino com seu brinquedo novo antes mesmo de tirá-lo da embalagem. 

- Entendo você. Na verdade o pessoal da Saunders Griffon já está esperando por você. – Henrique informou, com um gesto de braço convidando-me a embarcar no V-Jet. 

Ao entrar na aeronave inconscientemente me lembrei de da infância, quando ia viajar com meus pais e meu irmão no luxuoso Bell Augusta Tilt Rotor da família, porém o V-jet era uma versão melhorada, o acabamento interno da aeronave era minuciosamente requintado, em tons de creme e eco-polímeros com uma textura que reproduzia perfeitamente o mogno, os assentos, anatomicamente perfeitos, eram de couro sintético de excelente qualidade, quase idêntico ao couro real. 

Henrique entrou na aeronave logo atrás e me indicou duas poltronas relativamente próximas em um canto da “sala”, separadas apenas por um módulo que continha o frigobar e uma pequena dispensa cheia de petiscos. Ainda ouvi algumas comunicações do comandante com o controle de tráfego aéreo, mas assim que a porta da cabine de comando se fechou o único ruído que ouvia era o discreto silvo produzido pelo condicionador de ar.


Continua...




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